CLOSTRIDIUM PERFRINGENS/INTOXICAÇÃO ALIMENTAR
1. Descrição da doença - uma desordem intestinal caracterizada por início súbito de cólica abdominal, acompanhada de diarréia; náusea é comum, mas vômitos e febre geralmente estão ausentes. Dura em torno de 24 horas; em idosos ou enfermos pode durar até 2 semanas. Um quadro mais sério pode ser causado pela ingestão de cepas tipo C que provocam a enterite necrotizante ou doença de Pigbel (dor abdominal aguda, diarréia sanguinolenta, vômitos, choque e peritonite), com 40% de letalidade.
2. Agente etiológico - C. perfringens é um gram-positivo, anaeróbico, produtor de esporos. A doença é produzida pela formação de toxinas no organismo.
3. Ocorrência - mundial e principalmente em países onde as práticas de preparo de alimentos favorecem a multiplicação do C. perfringens. São freqüentes os surtos em instituições como escolas, hospitais, prisões, etc., onde há larga produção de alimentos preparados com muita antecedência antes de serem servidos.
4. Reservatório - largamente distribuído no meio ambiente, no solo, habitando o trato intestinal de pessoas saudáveis e animais (gado, porcos, aves e peixes).
5. Período de incubação - de 6 a 24 horas, em geral, de 10-12 horas.
6. Modo de transmissão - ingestão de alimentos contaminados por solo ou fezes e sob condições que permitam a multiplicação do agente. A maioria dos surtos está associada a carnes aquecidas ou reaquecidas inadequadamente como carnes cozidas, tortas de carne, molhos com carne, peru ou frango. Esporos sobrevivem às temperaturas normais de cozimento, germinam e se multiplicam durante o resfriamento lento, armazenamento em temperatura ambiente e/ou inadequado reaquecimento.
7. Susceptibilidade e resistência - a maioria das pessoas é provavelmente susceptível. Estudos demonstram que a doença não confere imunidade.
8. Conduta médica e diagnóstico - em surtos o diagnóstico é confirmado pela demonstração do C. perfringens em cultura semiquantitativa anaeróbica de alimentos ( > 10 5/g) ou fezes de pacientes ( > 10 6/g) ao lado de evidências clínicas e epidemiológicas. A detecção de toxina em fezes de pacientes também confirma o diagnóstico. Ensaios sorológicos são utilizados para detectar enterotoxina em fezes de pacientes e para teste da capacidade das cepas produzirem toxina.
9. Tratamento - hidratação oral ou venosa dependendo da gravidade do caso. Antibióticos e outras medidas de suporte nos casos graves com septicemia e enterite necrotizante.
10. Alimentos associados - carnes e outro produtos e molhos à base de carne são os mais freqüentemente implicados. Contudo, a causa real de intoxicação alimentar por C. perfringens é a inadequação de temperaturas no preparo dos alimentos. Pequenas quantidades do organismo presentes no alimento antes do cozimento, multiplicam-se durante o resfriamento lento e armazenamento em temperaturas inadequadas.
11. Medidas de controle - 1) notificação de surtos - a ocorrência de surtos (2 ou mais casos) requer a notificação imediata às autoridades de vigilância epidemiológica municipal, regional ou central, para que se desencadeie a investigação das fontes comuns e o controle da transmissão através de medidas preventivas. Orientações poderão ser obtidas junto à Central de Vigilância Epidemiológica - Disque CVE, no telefone é 0800-55-5466. 2) medidas preventivas – educação dos manipuladores de alimentos e donas de casa sobre os riscos de preparo de alimentos em larga escala, de temperaturas para o reaquecimento ou cozimento (temperatura interna correta de pelo menos 70 º C, preferivelmente > 75 º C), sobre os riscos de permanência do alimento em temperatura ambiente e do resfriamento lento, sobre a necessidade de refrigeração imediata das sobras, dentre outros aspectos. 3) medidas em surtos - investigação e controle de alimentos e manipuladores.
12. Bibliografia consultada e para saber mais sobre a doença
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Control of Communicable Diseases Manual. Abram S. Benenson, Ed., 16 th Edition, 1995, p. 187-188.
FDA/CFSAN. Bad Bug Book. Clostridium perfringens. URL: http://www.cfsan.fda.gov/~mow/chap11.html
Kasper, DL; Zaleznik, DF. Gangrena gasosa e outras infecções por clostrídios. In: Harrison et. al. (Editores). Medicina Interna, MacGraw-Hill Interamericana Ed., 13ª Edição, México, 1995, p. 667-672.
Texto organizado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, ano 2002.
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